terça-feira, 14 de junho de 2011

Tem pão velho?




Era um fim de tarde de sábado. Eu estava molhando o jardim da minha casa, quando fui interpelada por um garotinho com pouco mais de 9 anos, dizendo: - 


Dona, tem pão velho? Essa coisa de pedir pão velho sempre me incomodou Desde criança. 




Olhei para aquele menino tão nostálgico e perguntei:


Onde Você mora? - Depois do zoológico.


- Bem longe, hein? - É... mas eu tenho que pedir as coisas para comer. 


- Você está na escola? - Não. Minha mãe não pode comprar material. 


- Seu pai mora com vocês? - Ele sumiu. E o papo prosseguiu, até que disse:


- Vou buscar o pão. Serve pão novo? – Não precisa, não. 


A senhora já conversou comigo, isso é suficiente. 


Esta resposta caiu em mim como um raio. Tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança, daquele menino de apenas 9 anos, já sem sonhos,
sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitado de um papo, de uma conversa amiga. Caros amigos, quantas lições podemos tirar desta resposta: 


"Não precisa, não. A senhora já conversou comigo, isso é 
suficiente!"


Que poder mágico tem o gesto de falar e ouvir com amor!


Alguns anos já se passaram e continuam pedindo "pão velho" na minha casa... e eu dando "pão novo", mas procurando antes compartilhar o pão das pequenas conversas,
o pão dos gestos que acolhem e promovem. 


Este pão de amor não fica velho, porque é fabricado no coração de quem acredita Naquele que disse: 


"Eu sou o pão da vida!" 


Verifique quantas pessoas talvez estejam esperando uma só palavra sua...

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